Leneilson Sales de Jesus, conhecido como Leno, dono de bar morto em Castelo Branco após discussão — Foto: Reprodução/TV Bahia
Um comerciante de 37 anos foi morto a tiros em frente ao próprio bar, no bairro de Castelo Branco, em Salvador, após pedir para que um homem desligasse o som do carro, nas imediações do estabelecimento. O crime ocorreu na madrugada desta segunda-feira (4), e a filha do comerciante, uma adolescente de 14 anos, também foi baleada. Ela foi atingida por cinco tiros.
Leneilson Sales de Jesus, conhecido como Leno, já havia encerrado o expediente no bar e, segundo familiares, limpava o estabelecimento para fechar as portas. Testemunhas disseram que o suspeito chegou ao local e montou o som do tipo “paredão”.
Leno, então, pediu para que o homem baixasse o volume do som. Os dois discutiram e trocaram agressões físicas, que foram interrompidas pelos vizinhos que presenciaram a cena. Uma mulher da família do comerciante, que não quis se identificar, afirmou que o homem entrou no carro e antes de deixar o local, disse que voltaria.
“Aqui tem muita gente idosa então [som de carro] não é permitido. De tanto falar, os dois entraram em discussão. Teve uma briga rápida e o pessoal separou. Ele [o comerciante] continuou limpando a barraca. Ele [o suspeito] chegou com um carro e roupa diferente botando a arma para fora, falando ‘eu disse que iria voltar’, e deu diversos disparos”, comentou a mulher.
Ela disse que estava no andar de cima no imóvel e viu toda a ação criminosa. A filha de Leno estava próxima e foi atingida. Ainda de acordo com a mulher, o homem tentou fazer mais disparos, mas a arma teria falhado.
“Eu estava em um lugar alto e vi tudo que estava acontecendo. As pessoas correndo e ele [Leno] no chão sangrando muito. E o rapaz dando um monte de tiro e a arma negando. O cara cansou, olhou para a prima da gente e perguntou ‘eu te baleei?’, entrou no carro e saiu”, disse.
“A gente perdeu uma pessoa que amava, sendo que não fez nada. Por causa de uma pessoa sem coração que estragou a família da gente. A gente não sabe o que fazer, ele era nossa base”.
Uma terceira pessoa também foi atingida pelos tiros. A vítima, também parente do proprietário do bar, foi baleada na perna. Segundo familiares, o estado de saúde dela não é grave e a mulher deve passar por cirurgia nesta segunda-feira.
A Polícia Militar disse que foi acionada e uma equipe da 47ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) esteve no local quando recebeu a informação. Os policiais encontraram Leneilson já sem vida e foram informados que as outras duas vítimas foram levadas para o Hospital Municipal, no bairro Boca da Mata.
Família desestabilizada
A esposa de Leno, Carla Soraia, disse que os comerciantes costumam organizar um “partido alto”, reunião tipo roda de samba, aos finais de semana. Segundo ela, a festa geralmente é encerrada às 21h e não é permitido som de carros por causa da presença de moradores idosos na região.
Na madrugada desta segunda, o suspeito chegou acompanhado de um casal e não atendeu aos pedidos feitos para que desligasse o som do carro.
Carla disse que a discussão teve início quando Leneilson fotografou a placa do veículo do homem, que não gostou. E, durante a discussão, o comerciante deu um soco no rosto do suspeito, que saiu ameaçando voltar.
“Todo mundo que estava aqui segurou [para encerrar a briga]. Esse rapaz entrou no carro e disse ‘vou ali e volto’. De repente veio um carro cinza devagar e parou. [O homem] botou a arma do lado de fora da janela e disse para ninguém correr. Apertou o gatilho de dentro do carro, só que a arma não pegou. Todo mundo se preparou para tentar correr, ele saiu do carro e começou a atirar”, disse.
Carla também relatou que ainda não contou sobre a morte do marido para o filho de 4 anos.
“Quando eu voltei ao lugar, meu esposo já estava morto. Minha filha tomou tiro na perna e minha sobrinha está para fazer uma cirurgia. Meu filho de quatro anos perguntando se [a situação] foi com o pai. E eu respondi ‘não, seu pai está viajando’. Eu não dormi. Estou desde ontem no hospital. Cheguei agora e vou tomar banho para enterrar meu marido”, desabafou.
O caso foi registrado na Polícia Civil e será investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Até o momento, o suspeito do crime não foi localizado.
Fonte: G1 Bahia
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