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Suspeito de divulgar imagem alega que não sabia de estupro de jovem

Estudante é um dos quatro que teve prisão pedida pela polícia do Rio.
Polícia investiga estupro de adolescente por pelo menos 30 homens.

Jovem postou foto da vítima e ironizou o suposto estupro (Foto: Reprodução)Jovem postou foto da vítima e ironizou o suposto estupro (Foto: Reprodução)
Um dos jovens envolvidos na divulgação das imagens da adolescente que foi vítima de um estupro coletivo em uma comunidade na Zona Oeste do Rio alega, através de seu advogado, que não sabia que jovem tinha sido estuprada.
"Não tem razoabilidade de mandar prender alguém por divulgar um vídeo. Eu não concordo com esse pedido de prisão. Ele [Marcelo] não sabia que se tratava de uma vítima de estupro, menos ainda que era menor de idade”, disse o advogado Igor Luiz Carvalho.
Segundo Igor, a repercussão do estupro coletivo deixou assustado o estudante Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, que teve a prisão preventiva pedida na quinta-feira (27). “Ele tá com medo, porque nas redes sociais falaram que iriam mata-lo. Ele tá bem assustado com a repercussão do caso”, contou o defensor, que classificou como “descabido” o pedido de prisão.
Igor disse que Marcelo recebeu as imagens da vítima do estupro em um grupo de Whatsapp. “Ele não conhece nem a menina nem os supostos estupradores. Ele divulgou só uma foto em que a menina está de costas. Embora fosse uma brincadeira extremamente grotesca, ele não sabia que era uma vítima de estupro”, reiterou o defensor.
O advogado disse que iria levar o garoto para se apresentar espontaneamente à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), que investiga o caso, mas recuou ao saber que a polícia representou à Justiça pela prisão de Marcelo e outros três envolvidos no caso – dois deles pela participação direta no estupro.
Igor disse que irá tentar revogar o pedido de prisão, por meio de habeas corpus, antes de apresentar Marcelo à polícia. A tese que o advogado irá defender é a de que o rapaz não sabia que a imagem era de uma menor de idade que havia sido estuprada.

“Ele não sabia que era uma imagem não consentida. Ele imaginou que era um desejo da própria pessoa, porque tem várias pessoas que pedem para tirar foto nessas situações”, defendeu, ressaltando que “não há nada que ele [Marcelo] possa fazer para atrapalhar o andamento do protesto”.
O advogado ressaltou ainda que a família do estudante “está arrasada”. Segundo ele, “a mãe não concordou com o ato dele. Foi um ato equivocado brincar com uma situação de uma mulher que estava nua. Ela ficou mais arrasada ainda com a repercussão”.
Quatro pedidos de prisão
Marcelo foi um dos primeiros a serem identificados pela Polícia como autor das postagens na internet com as imagens que humilham a adolescente estuprada. Morador da Cidade de Deus, ele não teria qualquer proximidade com os envolvidos no caso, segundo o advogado que o representa.
O outro envolvido na divulgação das imagens que também teve a prisão pedida pela polícia é Michel Brazil da Silva, de 20 anos. Os dois apagaram seus perfis nas redes sociais depois que o caso ganhou repercussão nacional.
Também tiveram a prisão solicitada pela polícia Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, com quem a adolescente tinha um relacionamento e teria participação direta no crime, e Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, que aparece nas imagens ao lado da garota. Raphael trabalhou como apoio a operador de câmera nos estúdios Globo, de onde foi desligado em agosto do ano passado. A polícia não tem a profissão atual dele.
 Relembre o caso
A adolescente de 16 anos foi estuprada no sábado (21) numa comunidade da Zona Oeste. Em depoimento à polícia, ela disse que foi até a casa de um rapaz com quem se relacionava há três anos. Ela se lembra de estar a sós na casa dele e só se lembra que acordou no domingo, em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela destacou que estava dopada e nua.
A garota retornou para casa na terça-feira (24). “Ela chegou descalça, descabelada, com aspecto de que tinha se drogado muito e com uma roupa masculina toda rasgada. Provavelmente eles deixaram ela nua e ela vestiu aquilo pra vir em casa”, contou uma parente da menina. A família teria questionado a menina o que havia acontecido, mas ela não revelou nada.
'Eles iriam matá-la'
Ainda na terça-feira, segundo contou a pessoa da família, menina teria voltado à comunidade para tentar reaver seu celular, que foi roubado. Um agente comunitário foi quem a acolheu, ao perceber como ela estava, e a conduziu para junto da família novamente.

“Esse agente comunitário que veio trazê-la [para casa] eu acho que ele foi uma pessoa que salvou a vida dela, porque eles iriam matá-la. Porque é isso que eles fazem, né. Não é normalmente a história que a gente conhece? Eles estupram e matam”, disse a parente da adolescente.
A família só soube do estupro na quarta-feira (25), quando fotos e vídeos exibindo a adolescente nua, desacordada e ferida estava sendo compartilhado na internet.

“Eu a mãe, a gente chora quando vê o vídeo. O pai dela não aguenta falar que chora muito. Nosso sentimento é de tristeza, de indignação, estamos estarrecidos de ver até que ponto chega a maldade humana, né. A família está, assim, sem palavras, consternada”, desabafou a familiar.

Repercussão
Nas redes sociais, pessoas de todo o Brasil pedem rigor nas investigações e na punição. "Não foram 30 contra uma, foram 30 contra todos. Exigimos justiça", destaca uma das publicações.

A Ordem dos Advogados do Brasil classificou o crime como uma barbárie. “Além do estupro, a divulgação dessas imagens torna a vida dessa pessoa eternamente humilhante. Então, é muito importante que as pessoas percebam que receber as imagens, assistir as imagens, também é crime”, destacou Daniela Gusmão, da Comissão OAB-Mulher.
A Organização das Nações Unidas  (ONU) divulgou uma nota em que se solidarizou com a vítima do estupro coletivo. A nota lembra também de um outro episódio ocorrido no Brasil, quando uma jovem do Piauí foi abusada por cinco homens, na semana passada. A ONU pede Justiça para esses dois casos.
Daniel SilveiraDo G1 Rio

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