Calçando 45 aos 13 anos, goleiro do interior é observado pelo São Paulo
Morando a 700 km da capital, Lucas Garcia corre atrás do sonho de ser jogador profissional. Na primeira vez em que calçou luvas, adolescente foi aprovado em teste
Altura de 1,80m e calçado número 45. O dono dessas características é um adolescente do interior paulista, de 13 anos, que sonha em ser goleiro. Há três anos, as medidas de Lucas Guerra Garcia chamaram a atenção dos avaliadores do São Paulo. Na época, o garoto, que era zagueiro, calçou as luvas pela primeira vez na vida para completar o time, foi aprovado em um teste e desde então é observado pelo Tricolor.
Morando em Paulicéia - município a cerca de 700 km da capital paulista -, Lucas treina por conta própria na cidade vizinha Panorama e é um dos cerca de 400 adolescentes que se encontram em observação pelo São Paulo. Pai do "pequeno gigante", o eletricista automotivo Leandro Cesar Garcia conta que não imaginava que seu filho fosse querer virar jogador de futebol um dia. Ele incentivou o início do garoto no esporte com a intenção de ajudá-lo a ser uma criança ativa. Cerca de um ano depois deste começo despretensioso, o pequeno participou do episódio que mudou os rumos de sua vida, em Flora Rica - a cerca de 620 km da capital.
- Quando tinha 10 anos, ele viajou para um peneirão. Ele era zagueiro, mas faltou goleiro no time. Como era alto, o colocaram no gol. Ele não tinha experiência nenhuma, tomou um monte de gols, mas o pessoal do São Paulo gostou do perfil. Então, o Lucas começou a ser goleiro - fala o pai.
- Eu tinha vontade de jogar no gol, mas ficava com medo. Naquela viagem, eu já sabia que ia ser reserva, pois o jogo era contra moleques três anos mais velhos do que eu. Quando cheguei no lugar para viajar com o time, percebi que os dois goleiros não tinham ido. Então, dentro do ônibus, o técnico falou para eu ir de goleiro, que era o que eu sempre queria. Não fui muito bem no jogo, mas até que fiz umas defesas boas e gostaram de mim - conta o garoto.
- Uns 550 moleques participaram - afirma o organizador da avaliação do São Paulo, Vanderlei Ribeiro da Cruz.
Após descobrir o talento e passar a treinar na nova posição, Lucas foi aprovado em outras cinco seletivas: Santos, Atlético-PR, Grêmio, Internacional e RB Brasil. Entre uma avaliação e outra, o menino defendeu o gol do Grêmio Prudente no Campeonato Paulista Sub-11 e se prepara para vestir as cores do Marília no próximo estadual sub-13.
Neste período, o garoto continuou sendo observado pelo São Paulo. Por conta da idade, ele não pôde se mudar para o Centro de Formação de Atletas do clube, em Cotia. Com isso, a cada três meses o garoto encarou a estrada para passar uma semana em treinamentos no local. Agora, o sistema mudou, e os avaliadores do Tricolor vão começar a viajar ao interior para vê-lo e observar outros garotos.
A pouca idade e o sucesso nas “peneiras” têm a ver com a genética privilegiada de Lucas. Em todos os times pelos quais jogou, o adolescente se destacou pelo tamanho. A diferença para os outros meninos sempre chamou a atenção das pessoas. Atualmente, a família tem dificuldades para encontrar calçados que sirvam nos pés de Lucas.
- Ele fez aniversário e a mãe dele conseguiu achar um último par de chuteiras somente pela internet - comenta o eletricista automotivo.
- Tênis 44 fica apertado - assume Lucas.
Com 13 anos recém-completados, o adolescente do interior paulista vive um caso de amor e expectativa com relação ao futebol. Diferente dos garotos de sua idade, esta paixão vai além dos "videogames" e noticiários. Ele mesmo é o protagonista de uma história ligada ao esporte. Se o "pequeno gigante" vai ou não ser goleiro profissional no futuro, não se sabe, mas uma coisa é certa. Mesmo sem ter vivido muito, Lucas já tem bastante história boa para levar da vida.
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