7499123974

Anuncie Aqui!

Marqueteiro João Santana tem prisão decretada na 23ª fase da Lava Jato

Publicitário, que está no exterior, trabalhou em campanhas de Dilma e Lula.

Operação Acarajé mira supostos repasses de propina da Odebrecht. 

Camila Bomfim e Adriana JustiDa TV Globo, em Brasília, e do G1 PR










A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira (22) a 23ª fase da Operação Lava Jato. Foi expedido um mandado de prisão temporária do publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Santana ainda não não tinha sido preso até a última atualização desta reportagem. Segundo a assessoria dele, o publicitário está na República Dominicana, trabalhando na campanha à reeleição do atual presidente do país, Danilo Medina. Também foi decretada a prisão da mulher dele, Monica Moura. Ela afirmou que o casal voltará ao país assim que for notificado oficialmente.
Investigadores suspeitam que o publicitário tenha sido pago por serviços prestados ao PT com propina oriunda de contratos da Petrobras.
Usando uma conta secreta no exterior, ele teria recebido dinheiro da empreiteira Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Operação Acarajé
Esta etapa da Lava Jato é chamada de Operação Acarajé, o nome usado pelos suspeitos para se referir ao dinheiro irregular, segundo a PF. Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão.
Skornicki é um dos presos preventivamente. Ele foi detido na manhã desta segunda-feira no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o engenheiro operava propinas no esquema da Petrobras investigado pela Lava Jato.
Agentes federais foram a escritórios da Odebrecht, em São Paulo, no Rio e na Bahia. Eles chegaram às 6h no prédio da empresa na capital paulista, e os funcionários foram liberados do trabalho.
O MPF identificou novas provas contra o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, que é réu da Lava Jato e está preso em Curitiba desde junho de 2015.
Investigadores dizem que ele tinha controle sobre os pagamentos feitos no exterior por meio de offshores. Entre os favorecidos, estariam João Santana, o ex-ministro José Dirceu e até autoridades argentinas.
Agentes da PF estiveram na sede da Odebrecht Oléo e Gás, em Botafogo, Zona Sul (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)Agentes da PF estiveram na sede da Odebrecht em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
A PF busca tirar a trava de segurança de informações criptografadas apreendidas na 14ª fase da operação. Cinco peritos auxiliam a PF para que os agentes consigam sair com os dados liberados.
Em nota, a Odebrecht confirma operação da PF em seus escritórios para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. "A empresa está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento", diz o texto.
PF age em condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio, na manhã desta segunda. (Foto: Reprodução/TV Globo)Condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio, onde a PF executou ação na manhã desta segunda. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Suspeitas contra João Santana
O publicitário João Santana é alvo da Lava Jato porque os investigadores dizem ter indícios suficientes de que ele possui contas no exterior com origem não declarada.
João Santana começou a ser investigado em um inquérito sigiloso depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um manuscrito atribuído à mulher de Santana indicando contas dele fora do país. A informação sobre a apreensão foi revelada pela revista "Veja".
Quando a denúncia foi publicada, a empresa de Santana, Pólis Propaganda & Marketing, divulgou uma nota negando caixa 2. "O grupo recolhe todos os impostos devidos", diz o texto, que afirma ainda que a empresa jamais se envolveu "em nenhum tipo de ação ilegal".
"O Grupo Pólis possui agências autônomas no Brasil, e em outros países. As empresas  funcionam de forma independente, operacional e financeiramente. Não há trânsito de recursos entre elas. Valores recebidos de campanhas brasileiras sempre foram pagos no Brasil, e valores recebidos por campanhas no exterior foram pagos no exterior, seguindo as regras e a legislação de cada país", afirma a nota.
O publicitário João Santana, em foto de maio de 2012 (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo/Arquivo)O publicitário João Santana, em foto de maio de 2012 (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo/Arquivo)
Além de marqueteiro das campanhas, Santana chegou a ser conselheiro da presidente Dilmaem várias decisões de governo, chamado a participar de reuniões decisivas, com voz de influência em debates políticos no primeiro escalão.
Santana assumiu o marketing eleitoral de Lula depois da citação no caso do mensalão ao publicitário Duda Mendonça, absolvido em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a polícia, as investigações da Operação Acarajé apontam para o pagamento de vantagens ilícitas por um grupo empresarial a outro grupo.
Segundo a PF, os pagamentos, de cerca de mais de US$ 7 milhões, foram feitos em contas no exterior.
Zwi Skornicki
De acordo com as investigações, o engenheiro Zwi Skornicki era o representante do estaleiro Keppel Fels.
Os procuradores da República que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato afirmam que Skornicki era responsável por repasses ao PT por meio do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso desde 2015.
No acordo de delação premiada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Skornicki continuou pagando suborno a Renato Duque mesmo depois de o ex-diretor ter saído da Petrobras. Ao todo, contou o ex-gerente, o representante da Keppel Fels teria pago US$ 14 milhões.
O MPF indica que Skornicki fez pagamentos ao PT e a Eduardo Musa, representante da Sete Brasil.
Ainda de acordo com o MPF, ficaram comprovadas, por meio de prova documental, as transferências feitas no exterior a partir da conta de Skornicki para contas controladas por funcionários da Petrobras.
Segundo os colaboradores, os pagamentos foram feitos em benefício de contratos bilionários feitos pela empresa Keppel Fels com a Petrobras e Sete Brasil.
Entre 25 de setembro de 2013 e  4 de novembro de 2014, há evidências, segundo os investigadores, de que Zwi efetuou a transferência de pelo menos US$ 4,5 milhões, por meio de nove transações, para conta mantida no exterior pelos publicitários João Santana e Mônica Moura.
A conta dos publicitários, em nome da offshore panamenha Shellbill Finance SA, não teria sido declarada às autoridades brasileiras.
O MPF afirma que há ainda evidências de que o Grupo Odebrecht, por meio de contas ocultas no exterior em nome das offshores Klienfeld e Innovation, já investigadas por pagarem propinas para Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, transferiram para a Shellbill US$ 3 milhões, entre 13 de abril 2012 e 8 de março de 2013, "valor sobre o qual pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras que foi transferida aos publicitários em benefício do PT", diz o MPF.
Mandados
A 23ª fase da Lava Jato tem 51 mandados ao todo, dos quais 38 são de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva – quando os presos são obrigados a prestar depoimento.
Participaram da ação 300 homens da PF. Na Bahia, a operação é realizada nas cidades de Salvador e Camaçari. No Rio de Janeiro, na capital, em Angra dos Reis, Petropolis e Mangaratiba. Em São Paulo, além da capital, a operação foi às cidades de Campinas e Poá.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.
Agentes da Polícia Federal fazem buscas na sede da Odebrecht em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de 'Acarajé' (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)Agentes da Polícia Federal fazem buscas na sede da Odebrecht em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de 'Acarajé' (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Postar um comentário

0 Comentários